Proposta do Blog


"Tudo é impossível até que seja tentado!"
Esta frase é a que tem orientado a minha vida há
muitos anos e que acredito resumir muito
bem o espírito Asperger. A partir de agora, o (a) leitor(a) vai fazer comigo
uma intensa viagem ao mundo da Mente Asperger e seu funcionamento interno e
visão de mundo, minha vida ,minhas teorias sobre esta Síndrome(que em muita
coisa acredito aplicar-se também ao Autismo Clássico) e meu convívio com outros
Aspies.Como se sabe nos meios
científicos, a Síndrome de Asperger faz parte do Autismo, mas é considerada por
eles uma variação mais leve,parecida com o que chamam de Autismo de Alto
Desempenho.O porquê do título deste blog o (a) leitor(a) saberá ao longo dos tópicos e postagens que aqui serão inseridos com o tempo.
Desde já aviso, no entanto, que , embora não se
possa afirmar com exatidão e responsabilidade de que estas minhas idéias e teorias se apliquem a todos os Aspergers e
demais autistas,são aplicáveis sim a um grande número de casos.
Explico: A Síndrome de Asperger tem características
e manifestações com grande variedade de graus e diferenças muito pessoais entre
si, cada caso é um caso específico, e poucas são realmente universais.Uma
expressão que usarei muito aqui e que pode gerar dúvidas é “Neurotípico”,o
significado dela é o de pessoas que não são portadoras de Síndrome de Asperger,
nem são Autistas.Aqui também irei postar , além
de textos com minhas teorias e idéias sobre a Síndrome, também
apresentarei e comentarei notícias , vídeos e reportagens de televisão
sobre Asperger que coletarei da net,com críticas quando
necessárias.Igualmente o projeto abrange orientações a mães de Asperger
e sugestões a Terapeutas.Penso também na possibilidade de, de vez em
quando entrevistar um(a) terapeuta e/ou profissional de inclusão e
também outros aspies.
Isto dito, desejo aos leitores e às leitoras uma boa
leitura!

Cristiano Camargo
48 anos
Divorciado
Portador de Síndrome de Asperger, que superou as "limitações" de sua síndrome, tanto sociais como neurológicas, sozinho, sem remédios nem tratamentos,por opção consciente.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013



Caros amigos e caras amigas:
É com prazer que divulgo aqui a informação de que meu livro "Autista com muito orgulho-A Síndrome vista pelo lado de dentro", na sua versão impressa, ou seja, no formato tradicional, de papel...rsss,na Rede de Livrarias Saraiva!
Inicialmente será apenas no site da Saraiva na Internet, mas havendo um bom número de pedidos, eles disponibilizarão os livros nas livrarias físicas também !
Quem quiser adquirir o livro, pode entrar no site da Saraiva e garantir o seu:


 http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4659365/autista-com-muito-orgulho/?PAC_ID=18659

Primeira parte da entrevista que concedi 'a TV Educadora de Batatais

http://www.youtube.com/watch?v=zT-k9SVSYkA&feature=youtu.be

Segunda parte da entrevista que concedi 'a TV Educadora de Batatais

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=O986z9lyRb0

Atenção!Asperger na Escola !



Eu tenho visto últimamente muitos relatos de mães e as dificuldades delas em manter seus filhos nas escolas,e também tenho sempre recebido perguntas de várias mães que querem saber como eu era como aluno e analisar o meu comportamento daquela época em relação ao comportamento de seus filhos.
Claro que o contexto dos anos 70 era muito diferente do de agora: ainda não havia um diagnóstico sobre Asperger, e o próprio Autismo, em relação a hoje era muito pouco conhecido e pouco estudado.
Talvez eu tenha tido até sorte de ter nascido nos anos 60 e vivido a minha infância nos anos 70,pois o desconhecimento é, em muitos aspectos, similar à ausência para muita gente.Talvez este desconhecimento tivesse me protegido de certa forma de muita coisa que Aspergers e Autistas sofrem hoje em termos de desrespeito , intolerância, preconceito e incompreensão da Sociedade para com eles.
Mas, como fui como aluno?Como foi a minha vida escolar?
Vamos então retroceder no tempo, de volta ao longínquo ano de 1972:
Descia do ônibus um menino magricela e mirrado,contemplando a entrada do prédio do Colégio Vita Et Pax. Era um colégio particular, administrado por freiras, uma enorme e comprida caixa de concreto e vidro, em meio a um terreno enorme, razoávelmente próximo do Campus universitário da USP de Ribeirão Preto-SP.
Aquele menino mal tinha acabado de se mudar de uma estadia de três anos nos Estados Unidos e Europa, falava inglês fluentemente e tinha esquecido quase completamente o Português. Por isto, e por causa das leis brasileiras,ele teria de ser alfabetizado novamente, já que já tinha sido alfabetizado em inglês. Então, o que ele via diante de si era um admirável mundo novo a ser explorado!
Tudo era novidade , e tudo era excitação e alegria !
O garoto, fascinado por Dinossauros, já lia livros sobre paleontologia em inglês que muito adulto duvidava que ele fosse capaz de entender, mas que, para a surpresa destes mesmos adultos, bastava uma pequena conversa para eles se convencerem de que o garoto de nove anos não só entendia o que lia, mas sabia muito mais sobre o assunto que muito adulto por aí,e ainda tinha a petulância de manobrar o dedo em direção ao adulto, como se fosse um Maestro e ensinar como se fosse um Professor...
Eu não escondia de ninguém que era diferente de outros garotos, e gostava de ser assim. Ao contrário de muitos aspies de hoje em dia, que se sentem estranhos ou mesmo alienígenas em relação aos colegas neurotípicos, eu fazia questão de mostrar a todos minhas diferenças como vantagens. Ou ao menos tentava, pois eu ainda era muito ingênuo e sem noção.
Nos meus primeiros anos escolares eu era um bom aluno,e ia bem, porque o que eu estudara na América estava à frente do que eu estudara no Brasil, e o conteúdo era simples.
Desde o início ,minha matéria favorita era o português. Mas o que me deixava realmente ansioso eram mesmo as redações.
Enquanto a maioria dos outros alunos detestava redações, eu adorava!
Tanto, que, com o tempo, eu comecei a escrevê-las mesmo quando não eram pedidas,em outras aulas, de outras matérias. Eu me isolava no fundo da classe, e começava a escrever sem parar,só alternava com o desenhar.
Meu Mundo Interno de Fantasia naquela época ainda era muito incipiente e estava sendo construído.Enquanto eu sonhava com dinossauros, as estórias de Monteiro Lobato, os Clássicos da Literatura Mundial,e os desenhos animados que eu assistia,eu fui um bom aluno, ficava muito na classe, era quieto, isolado sim,mas pacífico e tranqüilo, e ia bem em todas as matérias.
Mas um dia cheguei à Quarta Série, e aí as coisas começaram a mudar.
Agora eu já sonhava muito mais e passei a ficar no fundo da classe com freqüência, e frequentemente, quando achava a aula chata e aborrecida,eu saía da classe e ia passear pelo colégio, ou pelo pátio do Recreio.
Adorava observar os ônibus escolares de perto e os observar, todos enfileirados , um ao lado do outro, e caminhava entre eles,admirados, na minha imaginação eles eram seres vivos e gigantes, e adquiriam vida própria!
Crescia com o tempo o receio(infundado) de que eles pudessem ligar seus motores sozinhos e me perseguir e esmagar.
Era um sinal. Um importante sinal de que meu Mundo Interior de Fantasia estava mudando, e mudando muito, radicalmente !
Tudo o que eu antes admirava estava se transformando em temor e insegurança.
E com isto, e talvez como tentativa de mecanismo de compensação,eu sonhava ainda mais e ia mais fundo no meu Mundo Interior de Fantasia,agora mais organizado e complexo.
Eu me lembro de ter assistido um Globo Repórter sobre dinossauros, cuja apresentação era cheia de esqueletos, e aquilo me apavorou .
Como os velhos esqueletos do Museu de História Natural tinham feito comigo antes, os pesadelos com dinossauros e esqueletos retornaram e admiração que eu tivera em 1970, agora era apenas Terror !
Nesta mesma época, meu pai, que era assinante da revista Scientific American, recebeu uma revista destas que tinha um esqueleto de leão na capa. Quando vi aquela capa de revista, aquilo me apavorou até os ossos !
Também desta época, meu saudoso irmão descobriu um livro de Anatomia do meu pai que tinha a foto de uma mulher que tinha hiper tiroidismo não tratado. Também fiquei aterrorizado !Meu irmão percebeu e começou a correr atrás de mim com o livro aberto, na página com a foto da mulher.
Outras vezes ele colocava o livro debaixo do meu travesseiro antes de eu ir dormir, e quando eu percebia o volume e tirava o travesseiro para olhar, eu levava susto e saía correndo gritando !
E ele ria, e ria...
Tudo isto se refletiu na minha vida escolar. Passei a ficar muito mais isolado,frequentemente desenhando e escrevendo no fundo da classe, não mais prestava atenção na classe, mergulhado profundamente no meu Mundo Interno de Fantasia. As escapadas da classe se tornaram mais e mais freqüentes, pois o barulho dos outros alunos e da professora ensinando me atrapalhavam a concentração no meu Mundo Interno de Fantasia e por isto mesmo me irritavam.
Mas, ao contrário dos garotos de hoje, eu não ficava irritadiço, nervoso , nem era agressivo com ninguém. Eu me auto reprimia e ia guardando dentro de mim todas as raivas, mágoas e frustrações. Eu não estava muito aí com lições de casa, eu queria era ficar imerso em mim mesmo o máximo de tempo possível, pois a realidade era um esqueleto, ou uma mulher com hiper tireoidismo,algo enorme e assustador !
O resultado foi que , pela primeira vez na vida, repeti de ano.
No ano seguinte eu mudei de colégio. Agora era um colégio pequeno e antigo que ficava dentro do Campi da USP, onde eu morava.
Foi nesta época da minha vida que meu interesse por carros floresceu e eles passaram a fazer parte integrante do meu Mundo Interior de Fantasia. Foi a época também de eu criar meu país imaginário, Ksares,e suas fábricas de automóveis, e seus personagens.
Lá não estudava apenas a elite da sociedade, como no Vita Et Pax, mas filhos de Professores universitários da USP como eu era e humildes filhos de funcionários da USP, todos misturados.
Mas foi lá que o bullying começou, especialmente advindo de alguns filhos de funcionários. Eu ainda era particularmente arredio a estudar, e só a minha paixão por matérias como Português, História e Ciências me seguravam, eram matérias em que eu ia muito bem e tinha prazer de estudar. Quando este ocorria,eu me escondia atrás do diretor da escola, Seu Nereu, que me defendia e punia meus agressores com rigor. Ele não sabia que eu era autista, mas percebia que eu era diferente, e sempre tomava meu partido. Anos mais tarde o Bullying já não era no colégio, mas na rua, com a Turma dos filhos dos Professores da USP. Só que uma hora minha paciência se esgotou, e reagi: freqüentei uma academia de halterofilismo, fiquei musculoso e bati nos moleques que me batiam, e nunca mais sofri bullying na vida.
Era extremamente comum, especialmente em Ciências e História, eu ser curioso e ler os livros didáticos até o fim, ao invés de ficar só até o ponto que a Professora estava ensinando. Quantas vezes eu não estudava estes livros autodidáticamente, lia e relia até o fim com gosto, e quando a professora dava matéria nova e perguntava coisas que ninguém sabia, eu sabia e a professora sempre me perguntava, espantada, como eu sabia a resposta antes da matéria ser dada...Eu sabia porque tinha estudado antes dos outros, e em várias matérias eu nem precisar estudar para provas precisava, passava com nota 10 sem sequer estudar antes da prova. Também pudera, muitas vezes estava eu na pequena biblioteca estudando livros de História ou Ciências da quinta, sexta série, sem ninguém mandar...
Eu era sempre o primeiro a responder os questionários, e não deixava ninguém mais responder, e não raro, me alongava no assunto da resposta 'a exaustão, com detalhes muito além da matéria estudada pela classe, e de vez enquando, alguns que nem a Professora sabia.Também ocorria de eu achar informações erradas nos livros didáticos e corrigir a irritada professora,que me achava arrogante por "querer saber mais que ela", mas quando ela ia estudar o que eu tinha respondido, via que eu estava certo, me pedia dseculpas e avisava a classe para corrigir a informação do livro...
Mas o grande problema era mesmo as outras matérias...as que eu não gostava.!
Nestas eu saía da classe sem ao menos olhar na cara da professora ou dar uma desculpa, e sem a menor vergonha, e ia para o pátio, ficar olhando os carros dos professores. Eu olhava para aqueles carros e os ficava analisando:Corcel, motor 1.4 de 68 HP, velocidade 140 por hora, tração dianteira, Dodge Dart SE,motor V8 de 199 HP, velocidade máxima de 170 kh/h,suspensão dianteira com barras de torção e trazeira de eixo rígido e molas semi-elípticas,Opala Gran Luxo duas portas,Karmann Ghia TC, VW TL1600,Variant...
Agora era uma enorme fascinação por carros que eu tinha, e ia tomando o lugar dos Dinossauros como assunto predileto. Uma das minhas leituras prediletas era a revista Quatro Rodas, que eu colecionava fervorosamente.
Eu era assim: péssimo em matemática, ia mal até nas provas, mas calculava a relação peso/potência ou potência específica dos motores ,ou reja a relação HP/litro, ou ainda relação potência/torque e tudo isto detestando matemática...
Nos desenhos, eu calculava a proporção dos desenhos de carro, em que cada centímetro desenhado equivalia a vinte e seis centímetros reais, muitas vezes de cabeça, e continuava detestando matemática e tirando zero...
Passei ainda assim na quarta série e repeti a quinta. Durante este tempo, eu não fiquei só observando carros, ou imaginando meus personagens de Ksares;havia uma garota, um ano mais jovem que eu, de doze anos, que era bastante desenvolvida para a sua idade, com busto excepcionalmente avantajado, e que era visívelmente apaixonada por mim.
Eu já não correspondia a este sentimento porque naquela época, que também foi a época das minhas primeiras paixões(não correspondidas )as minha vida,eu só me apaixonava pelas loiras de olhos azuis, e esta garota, de apelido Baixinha(pois era mais baixa que eu),era branca de cabelos morenos e olhos marrons.
Era na verdade muito bonitinha, mas eu a tratava como uma amiga.Mas ela gostava tanto de mim que se insinuava: gostava de rolar na grama do recreio comigo,abraçada bem apertada, tentava me beijar, jogava futebol comigo fazendo de tudo para que minha mão fosse nas nãdegas dela,e uma vê por muito, muito pouco um beijo na boca não saiu!
Mas depois daquela época fui para uma escola diferente e não nos vimos mais.
Logo depois de sair da Escola Getúlio Vargas, esta pequena escola estadual onde vivi tudo isto, foi a vez de eu ir a uma outra escola estadual, desta vez considerada de elite e localizada num bairro de elite, a Alcides Correia.
Lá eu continuava aéreo,e repeti a quinta série. Também largava as aulas que eu não gostava ou ficava desenhando e escrevendo no fundo da classe.
Iniciaram-se as aulas particulares e passei a sexta e sétima séries, com dificuldade. Quanto mais complexa a matéria, mais aumentava a dificuldade, por falta de base de matérias anteriores. Repeti a oitava série.
E assim foi, fiz depois o Colegial Supletivo a noite, e repeti a segunda série três vezes. E eu permanecia mergulhado no meu Mundo interior de Fantasia.
Finalmente, com enormes esforços, consegui passar o Segundo colegial e o Terceiro. Não posso deixar de dizer que quando completei o Colegial, foi um enorme alívio para mim não ter mais a obrigação chata de ter de ir numa escola todo santo dia e estudar. Meu negócio mesmo era ficar em casa ou numa biblioteca e estudar só o que eu gostava, autodidáticamente, sem ninguém para ficar me ensinando. Sempre fui um auto didata por natureza. Assim sim, eu tinha prazer de estudar !
E acreditem, eu aprendia muito melhor comigo mesmo ou com os livros me ensinando do que com os Professores.
Eu poderia até me estender até minha vida universitária, mas o artigo já se estendeu demais, fica para outro artigo qualquer dia destes.

Cristiano Camargo

Aspergers e sua relação com os sinais sociais


Muito se fala das Regras Sociais, e que, supostamente, os Aspergers não conheceriam a elas e não seriam capazes de aprendê-las e usá-las.Ledo engano...quando se tornam maduros , pelo Processo de Amadurecimento Aspergers, eles as aprendem e usam com maestria.
Mas antes disto, existe um passo muito importante a ser conquistado, pelo qual todas as pessoas, Aspies ou não,passam:O aprendizado dos Sinais Sociais.Eles são uma condição essencial e crítica para se poder aprender e usar as Regras Sociais depois.
Sinais sociais são um assunto vasto e complexo e tem muito a ver com a utilização da Teoria da Mente, ou seja, nos colocarmos na situação ou posição da outra pessoa para compreender os problemas dela e agir de acordo.E também tem muito a ver com a interpretação de olhares e da expressão facial.
Aspies imaturos geralmente , por sua própria imaturidade, ainda não se auto treinaram, ainda não se condicionaram a olhar diretamente nos olhos, não só durante as conversas, mas já no primeiro contato visual também.
Este condicionamento espontâneo é essencial para os passos seguintes, e deve ser treinado todos os dias intensivamente,e uma boa dica é começar em frente do espelho, dirigindo o olhar diretamente para os olhos refletidos e procurar fazer interpretações a partir deste olhar refletido de seu próprio estado emocional.Ficar alguns minutos observando atentamente o próprio olhar no espelho, para anotar mentalmente cada detalhe também ajuda muito.
Numa segunda fase, pode-se pedir para outra pessoa que se conheça bem ,para sentar de frente ao Asperger e fazer o treinamento com ele(ela).Numa terceira fase, a pessoa que está ajudando pode fazer expressões de emoções: alegria, raiva, aborrecida, triste,deprimida,desconfiada,etc.
Uma vez bem treinado e já acostumado a olhar nos olhos e reconhecer as expressões faciais e os olhares, aí é a hora certa de iniciar o aprendizado dos Sinais Sociais.
Estes, por sua vez, dividem-se entre os expressos por olhares,expressão facial, trejeitos , tom de voz e gesticular das mãos e os mais complexos, que são o aprendizado de saber como reagir de acordo com a situação adequadamente, e partir de algumas premissas básicas, conforme a pessoa qcom quem se está relacionando no momento:
a) Qual a situação desta pessoa?
b) Qual seu sexo e sua idade?
c) Tem relação de parentesco ou amizade, ou mesmo amorosa com você?
Com base nisto, se pode definir o que se quer em relação a esta pessoa:
a) Eu quero agradá-la?
b) Eu quero me confrontar com ela?
c) Qual o estado emocional dela no momento?
d) Ela está, de alguma forma, sendo hostil, irônica ou agressiva comigo?
e) Qual a intenção dela comigo?

Com base nestas informações colhidas, se pode então definir uma reação de acordo.
É preciso bom senso para não exagerar nas reações, nem responder sempre ao que se considere agressões ou chacotas com violência verbal, na maioria dos casos desnecessárias.É muito importante, especialmente quando se percebe que o relacionamento com esta pessoa pode ser importante para a vida do Aspie de alguma maneira, ou que possa lhe trazer vantagens e benefícios,ser diplomata e usar da polidez, educação e inteligência,ou em alguns caso, até de uma fina ironia para mostrar que discorda, mas deixando sempre uma possibilidade conciliadora.Deve-se sempre buscar a conciliação, sempre que possível, para manter a cordialidade nas reações, afinal, é muito mais prudente e inteligente(mas não deixa de ser maquiavélico no bom sentido) fazer amigos do que inimigos.
Então, percebe-se que o raciocínio estratégico é fundamental para ser bem sucedido(a) com os Sinais Sociais .
Dizer a verdade, por exemplo, é muito nobre e louvável em si, mas , um sinal social que faz parte das Regras Sociais, por exemplo, é o modo como se fala a verdade.Muitas vezes a verdade direta, nua e crua, pode ofender ou magoar.Então, para certas pessoas e certas situações, é necessário mais uma vez acionar a Teoria da Mente, ser piedoso(a), e dizer a verdade sim, mas com jeitinho, de modo suave,e até, em alguns casos, como ao falar com crianças ou pessoas de idade avançada,carinhoso, preparando-a emocionalmente para receber a notícia.
Filhos Aspies, especialmente os de idade adolescente para cima, devem evitar questionar aberta e agressivamente a autoridade dos pais,mesmo que achem que tenham falado educadamente.Existem formas brandas de protestos, quando se pensa estar sendo injustiçado(a), por meio de ironias mais sofisticadas, ou de jeitinho mais carinhoso de falar, que pode levar os pais a pensar se agiram corretamente com seus filhos ou não.Para tanto, o Aspie deve relacionar a sua situação com a situação dos pais, e se colocar por um momento no lugar deles e analisar rapidamente como reagiriam na situação deles, invertendo mentalmente os papéis, inclusive para não exigir das pessoas o que elas não tem condições psicológicas de lhes proporcionar, por exemplo, mães que tiveram suas mães mortas em seu nascimento, ou as perderam muito cedo, não vão poder dar todo o carinho que se espera de uma mãe, ou as que tiveram uma educação excessivamente rigorosa.
Bom, talvez vocês todos(as) estejam se perguntando: as mas Aspergers não tem Teoria da Mente !Como ele vai conseguir fazer coisas tão complexas?
A resposta é: eles tem sim, mesmo os imaturos, apenas ainda não aprenderam quando usá-la ou em que ela lhes pode ser útil e lhe conferir vantagens e benefícios, e não se acostumaram a usá-la diáriamente.
Isto porque quando nos relacionamos apenas conosco mesmos(as) dentro de nosso Mundo Interior de Fantasia, ou mesmo nossos personagens se relacionam entre si, não há necessidade racional de uso da Teoria da Mente.Afinal, o Asperger dentro de seu Mundo Interno de Fantasia é, em essência, em seu comportamento lá dentro,um Ditador Absoluto, que controla a vida de todos os seus personagens, e convenhamos, um ditador não precisa de Teoria da Mente para nada, correto?
Daí a explicação para os Aspergers imaturos usarem tão pouco a Teoria da Mente !
Aspies, especialmente os imaturos, gostam de usar e fazer só o que acham realmente importante e prioritário, o que lhes for útil e agradável, e se usam pouco na sua imaginação, usarão pouco na prática.Por outro lado, Aspies imaturos tendem a achar que as pessoas reais tem obrigação de se comportar igualzinho seus personagens, devem reagir da mesma maneira e seguir as regras que ele impõe, e sendo assim, ele pode achar bobagem e sem sentido se colocar no lugar da outra pessoa, pois, ele pode pensar tipo: “-Por que eu vou me colocar no lugar da outra pessoa se quem manda sou eu?”
Ele aprender a diferenciar os personagens das pessoas e superar a mágoa e a desilusão da imprevisibilidade das pessoas é o primeiríssimo passo para o uso contínuo e correto da Teoria da Mente, o olhar nos olhos, e o aprendizado dos Sinais e das Regras Sociais, consequentemente, da Sociabilidade.É preciso depois, superar o medo desta imprevisibilidade, este trauma, este mistério tão difícil para ele entender, sobretudo quando criança, pois ele está acostumado, em seu Mundo Interno de Fantasia, a personagens totalmente previsíveis, por que ele é quem determina o caráter, a personalidade e as reações de seus personagens.A imprevisibildade humana simplesmente não existe no Mundo Interno de Fantasia do Aspie imaturo, por isto, o choque com a Realidade !
Então, como se acostumou a fugir ou evitar as pessoas com receio das reações delas, precisa agora se acostumar a enfrentar.E perceber que certas recusas, ou certas reações não são necessáriamente por que a pessoa não goste do Aspie, mas podem ter “n” motivos diferentes.
Por exemplo, convidar uma pessoa para sua festa e ela faltar, não quer dizer automáticamente que ela não goste de você, mas muita coisa pode ter ocorrido para que ela faltasse, e não se deve romper a relação ou fugir, evitar a pessoa por causa disto.
Ou ainda, ao conversar, perceber que a pessoa está tremendo e sendo verbalmente agressiva com você, e interpretar como se a pessoa estivesse com medo de você.Na verdade, é preciso analisar, o que você disse a ela que causou a reação?Relacionar o nervosismo e a tremedeira e concluir que a pessoa não está com medo, e sim,trêmula de nervosa, então se questionar-fiz alguma pergunta que não deveria?Não pressionei a pessoa demais?
São exemplos práticos de más interpretações dos sinais sociais.
Muita gente considera que Aspies interpretam tudo literalmente. Porém, isto não é verdadeiro para os Aspies Maduros, pois é algo superável e que também necessita de um auto treinamento, e na verdade, quando ele aprende a olhar nos olhos e interpretar expressões faciais, tons de voz e gesticulações, as deduções indiretas e não literais vem naturalmente como consequência.
E porque então Aspies imaturos tendem a interpretar reações diretamente ou interpretar errôneamente, ou ainda exagerar nas suas reações , ou mesmo insistir num mesmo erro de interpretação de Sinais Sociais até descontrolar a outra pessoa?
A explicação está novamente no Mundo Interno de Fantasia deles.Seus personagens,nesta fase do Processo de Amadurecimento Asperger, tem personalidades muito simples, previsíveis, e com poucas emoções,suas reações são simples e o nível de interação social entre eles é muito baixo. Básicamente se trata de heróis e vilões, em antagonismo, e os a amizade dos personagens que estão do mesmo lado, sejam heróis ou vilões, é muito tênue e superficial, com pouca interação social.Em alguns casos, nem existem heróis, apenas vilões, sem nenhuma interação social, apenas violência, mas aí já não é mais um Mundo Interno de Fantasia saudável, e sim, com problemas.
Mas Aspies imaturos tendem a querer aprender e usar só o que lhes atrai e que lhes sirvam para seus propósitos pessoais imediatos, pois vivem num constante presente.O planejamento , a planificação e idealização do futuro só começam a aparecer a partir da segunda fase do Processo de Amadurecimento Asperger, geralmente em seu final.
Por isto, o que não usam no seu Mundo Interno de Fantasia, tendem a achar que não precisarão para agir na realidade, pois acham que a Realidade tem a obrigação férrea de ser igual ao seu Mundo Interno de Fantasia, com a mesma previsibilidade, que adoram, afinal, previsibilidade é segurança, o que é muito humano, aliás.
Quebrar este paradigma do não-risco e da permanência em segurança do conhecido é fundamental para a maturidade e entender e praticar a Teoria da Mente, os Sinais e as Regras sociais.Por isto, exercícios de imaginação em conjunto com o Aspie, mostrando, de dentro do Mundo Interno de Fantasia dele, brincando com ele,ou praticando jogos de imaginar e contar estórias,que estes sinais, estas regras, e estes riscos, esta imprevisibilidade podem ser coisas boas e necessárias, e ensiná-los através desta interação,a utilizar bem estes recursos e os praticar, incentivando-os a se auto treinarem, afinal estas coisas só se aprende praticando mesmo,são fundamentais para acelerar sua maturidade e seu sucesso na passagem pelo Processo de Amadurecimento Asperger,preparando-os desta maneira a serem sociáveis e produtivos.


Cristiano Camargo

Rotulações

Hoje eu queria falar sobre rótulos/estereotipia/diagnósticos com que as pessoas veem os autistas e Aspergers , mas não do aspecto físico, mas comportamental, psicológico:É muito comum as pessoas neurotípicas(inclusive terapeutas das áreas relacionadas),ao verem um Asperger Maduro,terem algumas reações bem desagradáveis:alguns se surpreendem,dizendo que não parece um autista ou um Asperger,outros não se conformam , ao verem o laudo, e não aceitam a realidade, dizendo coisas como "Não é possível que vc seja autista/Asperger",ou ainda "Mas vc não se comporta como um autista/Asperger",numa reação de inconformidade e certa revolta,e pq isto acontece?É que toda a estigmatização se baseia em estereópitos,os chamados "casos clássicos".A Ciência lista uma série de "sintomas", tanto do Autismo/Asperger,e se a pessoa não tem a lista inteira, ou só um ou outro "sintoma",dá a impressão para estas pessoas de que o autista ou Asperger a que se referem não é nem um nem outro, mas também não é neurotípico , ficando nointrigante limbo do desconhecido .Elas querem, precisam, rotular aquela pessoa de qualquer jeito, mas ela não se encaixa perfeitamente nos moldes que a Ciência criou para ele,e alguns,no afã de dar algum nome, em sua neurose,o classificam de "Asperger/Autista atípico", e ainda assim, ficam com a sensção de peça mal encaixada no molde.Sabem aquele joguinho em que vc tem peças de diversos formatos, como quadrado, bola,estrela,triângulo, lozango,etc, que se usa muito para testes de inteligência de bebês e 'as vezes , de macacos e outros animais?Então, Diagnósticos que se tornaram rótulos pela necessidade de certas pessoas de estereotipar e classificar as pessoas são exatamete assim: dá se uma lista de "sintomas", que dão o "formato",da pessoa como "peça" para se encaixar na forma ou molde, que é o Diagnóstico.Estas pessoas esperam que esta pessoa, ou "peça" se comporte "adequadamente", "direitinho", seja "bem comportada" e fique fixa neste "formato" pelo resto da vida dela, para que possa ser rotulada e classificada por toda a sua vida.Porém, se esta pessoa autista ou Asperger amadurece e supera tudo o que chamam de "sintomas", e muda a sua forma, e não se encaixa mais nos moldes ou formas,ou seja no Diagnóstico a que foi "sentenciada",elasse frustram tremendamente, se revoltam,não se conformam, ficam surpresas, não conseguem entender, e ficam tentando forçar para tentar encaixar numa forma ou molde de qualuer jeito!Claro que existem as pessoas que ficam felizes com as superações, e que se importam muito mais com a pessoa em si do que com moldes, que são capazes de ir além do estereótipo que estigmatiza, e portanto discrimina;mas os esterotipistas também não são poucos.Porém, pessoas não são fabricadas em massa numa fábrica,todas iguaizinhas, em modelos pré determinados, nem são peças de encaixar em molde algum,são pessoas simplesmente,diferentes entre si.Então, aceitar a diferença, o diferente, aceitar que ele amadureça e supere, sem deixar de ser quem ele é, em sua essência, sua natureza, no caso autista/Asperger,é um sinal de maturidade psicológica para neurotípicos,uma mostra de aceitar que ser diferente é algo positivo e bom, e de certa forma, até igual,nos seus direitos ,deveres e valores como pessoa humana, a todas as outras, é perceber , além dos esterótipos e rótulos, a pessoa humana por detrás de tudo isto, vislumbrar a beleza de coração e alma, e por conseguinte, se tornar uma pessoa mais bela de coração e alma também, pois terá conseguido sua sensibilidade de viver !


Cristiano Camargo

Autistas são Maestros: Outros componentes do Mundo Interno de Fantasia:o Juiz Interior e o Muro de Bloqueio




Quem vê um autista/Asperger mergulhado fundo em seu Mundo Interno de Fantasia,especialmente os pais, pode ter a impressão de que a pessoa está alienada, perdida,infeliz, deprimida,e sobretudo, distante, e fica achando que esta pessoa pode não voltar nunca mais,e fica com vontade de "resgatá-la","salvá-la do abismo","trazê-la de volta"....rsss...o que não é não poder ver o autismo do lado de dentro, estar de fora...
Na verdade, não há motivos para estas aflições, muito natural de quem cria e ama um(a) autista/Asperger.Não é este drama mexicano todo, nem motivo para tantas preocupações.E vou explicar por que:
Quando o autista/Asperger está em seu mundo interior, ele não está parado, num limbo vazio, perdido da vida.Tampouco está tão isolado assim.
Na verdade o que está ocorrendo de verdade, é que ele está altamente concentrado, lidando com uma enorme massa de informações e construindo seus mundos, suas fantasias, e isto absorve muito ,posto que extremamente complexo e trabalhoso,tempo e muita energia, e tudo está direcionado, com seus simbolismos e entrelinhas, a aprender a lidar com ambos os mundos, fantasia e realidade.Toda fantasia, em seu simbolismo, remete 'a uma realidade.É da realidade que partem as fantasias e quando se analisam os seus simbolismos,se descobre, na verdade, tentativas de interpretação e planificação futura e presente da realidade.
Mas ele(ela) não está 100% desconectado(a).Ele pode não manifestar reação, mas na realidade, ele está processando estas informações em sua mente e procurando, analisando, qua a melhor forma de reagir, e usando as fantasias como metáforas da realidade,buscando analisar se é melhor reagir ou não, analisando suas emoções,suas inseguranças, e o fator mais difícil de calcular e que leva mais tempo, e também que exige mais simulações internas mentais, é a imprevisiblidade humana.
A insegurança do autista/asperger imaturo em relação a isto, e sua inconformidade e surpresa, de certa forma, rejeição 'a esta imprevisibilidade é o que mais causa demoras e mais prolonga a estadia do autista/Asperger dentro de seu mundo interno de fantasia.
É preciso entender que este mundo mental, além de extremamente complexo,não serve apenas para distrair, proteger,e isolar o autista/asperger da Realidade, mas também para buscar soluções e planejar ações e reações, comportamentos, e decidir o que deve ser externado, inclusive verbalmente ou não, quais as prováveis consequencias, etc.Este isolamento é necessário para que ele/ela possa se concentrar o suficiente para que o Mundo Interno de Fantasia, este mecanismo mental fantástico movido a imaginação e criatividade, possa exercer suas funções e tentar beneficiar o autista/Asperger.Mas isto tudo não significa necessáriamente que ele vá ficar entretido lá para sempre, direto.Ele precisa ir 'a realidade aplicar o que planejou, e mais cedo ou mais tarde, quando todo este processamento terminar, ele voltará a atuar na Realidade.
Claro que tudo isto supondo um Mundo interno de Fantasia sadio.
O que ocorre em muitos casos, é que traumas psicológicos devidos 'a rejeições, bullying,atos externos de hostilidade e agressividade, e mesmo doenças físicas agressivas, com dores intensas e prolongadas,altamente traumatizantes, podem desencadear doenças no Mundo Interno de Fantasia e atrasar considerávlmente o Processo de Amadurecimento.Estes eventos podem criar um Fator Imobilizador ou Bloqueador, que bloqueia processos e impede estruturas de raciocínios, além de bloquear a imaginação e paralisar contruções de mundos e planos.Neste caso, corre uma profunda angústia, com o cérebro lutando para completar suas fantasias e mentalisações, os planos ,as estratégias, as metáforas da realidade,mas batendo de frente num muro espesso, que boqueia tudo isto: a dor do trauma, e no caso de doenças físicas e de bullyings violentos,a lembrança da dor física.Nestas horas, o Juiz interior, que todo(a) autista/asperger tem em sua mente, decreta:Proibido ultrapassar este ponto !
E aí sim, neste caso, a quantidade de energia necessária, o isolamento e a concentração exigida aumentam muito mais, com o autista/asperger tentando desesperadamente passar por este juiz em cima deste muro, e em alguns casos, até ele conseguir, pode levar meses ou anos.Por isto certos retrocessos no Processo de Amadurecimento.Está havendo uma séria luta interna contra este bloqueio feroz,que este Juiz, como guardião deste muro que separa a angústia das soluções, impoõe.É este mesmo Juiz que o faz se auto reprimir e se auto restringir em muitas ocasiões e ele é um inimigo difícil de ser vencido, mas claro, não impossível.
É preciso lembrar sempre que um aprofundamento do mergulho do autiosta/Asperger em seu Mundo Interno de Fantasia não ocorre a toa, do nada, alguma razão, especialmente emocional, houve.E é preciso investigar isto, para que possamos ajudar ao autista/asperger a vencer seu Juiz Interior, e o Muro de Bloqueio,e voltar a ser o Maestro de seu lindo e complexo Mundo Interior de Fantasia em toda a beleza de sua harmonia, quado este volta a ser saudável!
 
Cristiano Camargo

Autômato e outras estórias

Autômato e outras estórias:
Este meu livro, lançado em 2005, reúne três contos, que juntos, mostram, de forma metafórica, como se dá a evolução do Processo de Amadurecimento Asperger ;são estórias de ficção do gênero Drama Psicológico ,com personagens com características altamente autísticas.
São elas:
O Autômato: Auto é um autômato, ou seja, um tipo de robôzinho, que vive num labirinto de mármore, na penumbra,onde quase não entra luz e mais parece um mausoléu, pois seus corredores são repletos de gavetas que escondem seus moradores, criaturas estranhas e kafkanianas criadas pelo Criador, um boneco de couro preto gigantesco, com olhos vermelhos, e entre estas criaturas misteriosas está Auto.
Auto teve suas pernas arrancadas pelo Criador há muito tempo atrás, e um dia resolve ir atrás de suas pernas e recuperá-las, mas para isto ele terá de enfrentar o poderoso Criador.A metáfora em relação ao Autismo , o simbolismo desta trama, está no foco de procurar mostrar, através desta estória, como se dá o relacionamento entre o autista e seus pais, e a busca do autista em conseguir sua liberdade e autonomia(suas pernas) e suas tentativas de entender seus pais e também de ver e entender o mundo.
Consciência de Viver:Um garoto é rejeitado e abandonado pela própria família, encarcerado numa enorme casa velha, e lá fica sozinho e isolado do mundo por trinta anos.Durante este tempo, ele precisa conviver consigo mesmo e procurar entender a si mesmo, sozinho, lidando com a solidão.O nome do rapaz é "Ele".Logo ele ganha a compania de um esqueleto de cavalo que anda nas pernas traseiras e tem órbitas vermelhas,o Espectro, e o persegue pela casa, assustando-o sem parar.O Ele logo descobre que, se quiser sair daquela casa e conhecer o que existe além da casa, lá fora,o Mundo Exterior,tem de enfrentar o Espectro primeiro e vencê-lo.Novamente aqui a analogia como Autismo e a Asperger é forte:O Ele, claro, representa o autista,a casa, seu Mundo Interno de Fantasia, e o Espectro,a consciência do Autista, ou seja, seu Juiz Interior que o faz se auto reprimir.E o mundo exterior, a Realidade.
Sensibilidade de Viver:Lune Tamassuki é uma garota adolescente que cresceu solitária ,vivendo em seu Mundo Interno de Fantasia, que é a Filosofia e seus pensadores,vive em Osaka, no Japão, e seu hobby é passear a pé pela cidade, observando e criticando a Sociedade e o comportamento das pessoas.Até que um dia, um colega de escola,Takeo, se apaixona por ela e a pede em namoro.Ela primeiro o recusa, mas depois acaba por aceitá-lo.E é aí que começa sua jornada por um mundo até então desconhecido para ela:o lado bom da Realidade, o lado do Amor, dos sentimentos, da sensibilidade, pois até então ela era absolutamente racional,e tentava explicar o mundo para si mesma apenas com esta visão incompleta da Realidade, e por incompleta,se pode deduzir fantasiosa, pois ela tenta explicar os sentimentos e emoções humanas com racionalismos.
Takeo a leva para conhecer este mundo novo, o outro lado bom da Realidade, e irá tentar guiá-la para o caminho do amadurecimento através do aprendizado de Amar, e ele pensa que se ela aprender a amar, conseguirá sua sociabilidade e se inserir na sociedade ao invés de ficar 'a margem dela.
Mais uma vez a analogia com o autismo está presente: uma vez já mais maduro pelas experiências vistas nas outras duas estórias, o autista agora precisa conhecer o lado bom da Realidade para estar preparado para saber lidar bem com ambos os lados da Mente e da Vida, ou seja Realidade e Fantasia,se incluir na Sociedade, se tornar sociável e produtivo.
Ainda possuo um pequeno estoque do livro "Autômato e Outras Estórias", o qual, a partir de agora, estou disponibilizando para venda.Quem estiver interessado (a)em adquirir seu exemplar,basta mandar para mim uma mensagem inbox com os dado pessoais, que responderei com os meus dados postais , e o valor do frete, e mandarei o livro pelos correios.O valor do livro éR$30,00.


Cristiano Camargo

Novo artigo sobre autismo no The New York Times

"...Novo Estudo científico aponta que Autistas podem superar os seus sintomas:
Por Benedict Carey

Os terapeutas há muito acreditam que as deficiências dos transtornos autistas podem durar uma vida, mas um novo estudo descobriu que algumas crianças que apresentam os sintomas clássicos do transtorno conseguiram se recuperar completamente.
O estudo, publicado online na quarta-feira pelo Jornal de Psicologia e Psiquiatria Infantil, é o maior até à data, de tais casos extraordinários e provavelmente alterarão a maneira que os cientistas e os pais pensam e falam sobre autismo, disseram especialistas.
Pesquisadores na quarta-feira advertiram contra falsas esperanças. Os resultados sugerem que o espectro de autismo chamada contém um grupo pequeno, mas significativo ,que fazem grandes melhorias com terapia comportamental por razões ainda desconhecidas, que talvez sejam biológicas, mas que , no entanto,a maioria das crianças mostram ganhos muito menores. Os médicos não têm como prever quais as crianças que vão evoluir com os melhores resultados.
Os pesquisadores já sabiam que entre 1 e 20 por cento das crianças que receberam um diagnóstico de autismo não se qualificam mais para um diagnóstico de autismo alguns anos mais tarde. Eles suspeitaram que na maioria dos casos, o diagnóstico estava errado, a taxa de diagnóstico de autismo foi inflacionada nas últimas duas décadas, e algumas pesquisas sugerem que o diagnóstico de autismo foi aplicado através de uma interpretação mais livre dos sintomas,sem precisão científica.
O novo estudo deve colocar um pouco deste cepticismo para descansar e em desuso.
"Este é o primeiro estudo científico sólido para abordar esta questão da possível recuperação , e eu acho que tem grandes implicações", disse Sally Ozonoff do MIND Institute, da Universidade da Califórnia, e Davis, que não estava envolvido na pesquisa, declarou:"Eu sei que muitos de nós, como preferem ter seu dente arrancado do que usar a palavra 'recuperar', que antes era tão anticientífico. Agora nós podemos usá-lo, embora eu acho que nós precisamos salientar que é raro. "
Ela e outros especialistas disseram que as descobertas apóiam fortemente o valor do diagnóstico precoce e tratamento.
No estudo, uma equipe liderada por Deborah Fein, da Universidade de Connecticut, em Storrs, recrutou 34 pessoas que tinham sido diagnosticadas antes da idade de 5 anos e já não tinham mais quaisquer sintomas. Eles variaram idade entre 8 a 21 anos e no início de seu desenvolvimento estavam numa faixa mais severa (comprometida) do que a média do espectro do autismo. A equipe realizou testes extensivos próprios, incluindo entrevistas com os pais, e em alguns casos, para medir atuais habilidades sociais e de comunicação.
O debate sobre se a recuperação é possível tem acontecido há décadas e atingiu o pico em 1987, quando o pioneiro pesquisador do autismo, O. Ivar Lovaas ,relatou que 47 por cento das crianças com o diagnóstico mostrou total recuperação após passar por uma terapia ele tinha concebido. Esta terapia, uma abordagem comportamental em que incrementa as habilidades aprendidas para ganhar pequenas recompensas, é a base para a abordagem mais eficaz utilizada hoje, porém, muitos pesquisadores continuam céticos e questionam sua definição de recuperação.
A Dra.Fein e sua equipe usaram medidas padronizadas,largamente utilizadas em pesquisas, e não encontraram diferenças entre o grupo de 34 pessoas anteriormente diagnosticados e um grupo de 34 indivíduos controle enquadrados nos sintomas do autismo,mas que nunca tinham tido um diagnóstico.
"Eles já não se enquadram mais nas exigências para o diagnóstico de autismo", disse Fein, cujos co-autores incluem pesquisadores da Queens University em Kingston, Ontário; Children´s Hospital da Filadélfia, o Institute of Living em Hartford, e da Children Mind Institute, em Nova York. "Quero salientar aos pais que é uma minoria de crianças que são capazes de fazer isso, e ninguém deve pensar que de alguma forma perdeu o barco se não conseguir esta superação." disse a Dra. Fein.
Em medidas de habilidades sociais e de comunicação, o grupo recuperado marcou significativamente melhor do que 44 pares que tinham um diagnóstico de alto funcionamento autismo ou síndrome de Asperger.
Dra. Fein enfatizou a importância da terapia comportamental. "Essas pessoas não apenas crescem fora de seu autismo", disse ela. "Eu tenho sido o tratamento de crianças por 40 anos e nunca vi melhorias como este, a menos que os terapeutas e os pais dediquem anos de trabalho para isto."
A equipe planeja novas pesquisas para saber mais sobre aqueles que são capazes de se recuperar. Ninguém sabe quais os ingredientes ou terapias são mais eficazes, se houver, ou se há padrões de comportamento ou de marcadores biológicos que prevêem tal sucesso.
"Algumas crianças que se tornaram bastante bem independente como adultos, mas tem significativa ansiedade e depressão e são, por vezes suicida," disse o Dr. Fred Volkmar, diretor do Centro de Estudos da Criança da Universidade de Yale School of Medicine. Não existem estudos desse grupo, disse ele.
Que, por causa do novo estudo, está prestes a mudar..."


Cristiano Camargo

Diagnóstico não é Sentença Judicial

Muita gente por aí , mal informada,pensa no Autismo e na Asperger como se elas fossem uma sentença de morte, uma sentença judicial fixa para o resto da vida,pois acham que o Autismo/Asperger sejam coisas fixas, imutáveis,perenes, para sempre, e acham que os autistas/Aspergers, não evoluem, não amadurecem, não superam e ficarão eternamente sempre do mesmo jeito.
E quem é bem informado, sabe que isto NÃO é verdade de jeito nenhum!
Estas pessoas mal informadas precisam parar de ver o Autismo e a Asperger como se fossem sentenças judiciais de morte ou prisão perpétua,e parar de ver os Psicólogos, Psiquiatras e demais terapeutas do ramo, como se fossem Juízes de um tribunal, Juízes da Sociedade, que determinam quem seja mentalmente são e quem seja mentalmente doente,e que colocam um rótulo na testa de seus pacientes escrito"doente mental".Inclusive porque a função dos terapeutas não é julgar ninguém, e sim diagnosticar e tratar.Tenho certeza de que não é assim que eles querem ser vistos pela Sociedade, inclusive por isto envolvê-los numa responsabilidade gigantesca, que sequer é função deles exercer.Na verdade acho isto um desrespeito tanto para com os pacientes e suas famílias , como para com os próprios terapeutas.
Eu penso que as pessoas desinformadas , especialmente aquelas que tem alguém autista/Asperger na família,precisam parar de pensar deste jeito,e parar de julgar as outras pessoas baseando-se simplesmente em seus diagnósticos, e deveriam tentar se informar melhor , parar de tanto drama ,reclamações e choradeira,e lutar corajosamente , junto com seus filhos, parentes autistas /Aspergers,para, como uma equipe, ajudá-los a lutar para que eles superem,evoluam, amadureçam, tanto socialmente, como produtivamente, e neurológicamente,cuidando deles com carinho e amor,vendo o Autismo/Asperger não como uma senteça judicial de morte social, mas como uma bênção e um privilégio!
É com grande alegria, no entanto, que tenho constatado todos os dias,tantas mães e pais, irmãos e irmãs, parentes enfim, bem informados(as) e guerreiros(as) que se dedicam tanto e com tanto esforço, tanta luta, para o bem deles, cada vez mais deles(delas) aparecendo sem parar, mostrando suas lutas inspiradoras e comoventes, em suas lutas diárias, e alcançando vitórias e superações que muita gente descrente e céptica não achavam que seriam possíveis, mas quando a gente se dedica com amor e empenho a uma causa querida, o impossivel sempre acontece !
Eu gostaria muito que as pessoas desinformadas, e as preconceituosas, vissem nestas mães, pais, irmãos,etc, como grandes exemplos a seguir e ir 'a luta por seus entes queridos e ter esperança,ao verem que diagnóstico não é sentença,não é um drama,mas o início de uma luta gratificante que lhes dará muita alegria no futuro,que diagnóstico não é a pena de um tribunal, nem o bater do martelo de um juiz,mas sim um presente abençoado e especial que a Vida lhes deu, para dar valor e glória 'as suas vidas, e ver, enfim que, ao contrário do que elas pensavam,tudo, absolutamente tudo é impossível...até que seja tentado !

Cristiano Camargo