Fotos do meu encontro com minha amiga Regiane, o marido dela e sua filha Fernanda

Inclusão e Auto Inclusão

Você é um(a) Asperger adulto e se sente excluído socialmente?
Vai esperar que o governo o inclua, sabe-se lá quando?
Leis inclusivas estão no momento na batalha por sua aprovação definitiva, mas isto ainda pode demorar a chegar até nós um certo tempo ainda.
Já ouvi falar de auto -inclusão?
Auto-inclusão é atitude, é tomar uma atitude positiva perante a vida!

Dizer "eu não consigo", "os outros não me aceitam",ou ainda ficar deprimido(a), chorar, nada disto adianta nem trz soluções.
O negócio, meus amigos e minhas amigas, é enfrentar-se a si mesmo e enfrentar os outros,batalhando, trabalhando duro e "forçando" no bom sentido, as pessoas a te respeitarem.
Inclusão não é um favor que o Governo faz para a gente, nem temos de pedir humildemente para a Sociedade para nos deixar entrar pela porta do fundo.
Tudo o que é conquistado tem de ser merecido, nada é de graça ou de favor.
Temos de nos impor perante a Sociedade, impor o respeito, provar nosso valor e provocar admiração.
Eu sempre me auto- incluí na minha vida. Quando a turma da época da minha pré-adolescência veio com bullying para cima de mim, eu fiz halterofilismo e me impus, e passaram a me respeitar.
Quando eu quis arranjar namorada, eu lutei para vencer a timidez e criei um personagem para mim, e enfrentei as situações, me virei, e hoje já fui até casado. Eu batalhei minha sociabilidade virtual na internet desde os tempos do Orkut e me incluí na turma do Portal Mercedes, e hoje conquistei uma pequena popularidade e simpatia das pessoas neste ambiente virtual chamado internet.
Tudo isto são exemplos de atitudes de auto inclusão.
Não é necessário que tentem seguir os meus passos, mas procurem criar seus próprios, lutem por sua liberdade, indempendência, autonomia, como diria aquela canção inesquecível dos anos sessenta:quem sabe faz a hora , não espera acontecer!
Se todos nós formos auto inclusivos, vamos mostrar que nossa inclusão na sociedade não é um favor, uma mendicãncia de um coitadinho, mas que estamos exigindo com estas leis o que é nosso, o que é justo, nosso merecido valor,mostrando que com estas leis, que serão aprovadas com nossa luta conjunta de aspies ,mães e profissionais da área,nós não apenas temos direito a elas, mas as merecemos e assim , a Sociedade reconhecerá nosso valor,adentrando a Sociedade de cabeça erguida, olhando a todos de igual para igual, entraremos abrilhantados pela admiração das pessoas que um dia fecharam as portas da sociedade na nossa cara!

Capa do livro

Já está pronta a capa definitiva e oficial do meu novo livro Autista com Muito Orgulho-A Síndrome vista pelo lado de dentro!

Relação entre Inteligência e Qualidade Inclusão em crianças Asperger

Citando um artigo da Psicopedagogia Socorro , postada minha cara amiga Ana Paula Pacheco:

“O conhecimento enciclopédico da criança pode ser bastante assinalável e ela pode ser vista como um pequeno professor, ansiosa por ler tudo acerca do interesse, por colocar questões sobre o temo aos adultos e por instruir os seus pares acerca do interesse (mais parecendo um professor do que um colega). Podem ficar com a impressão de que a criança é um potencial gênio, mas os professores notam que ,muito embora o tempo de atenção e capacidade de atenção pelo detalhe sejam impressionantes quando a criança está concentrada no seu interesse especial, essa motivação,essa atenção e essa capacidade estão claramente ausente quando a criança está envolvida em outra atividade acadêmica, sobretudo aquelas que interessam aos seus pares. O foco de interesse muda invariavelmente, mas na altura determinada pela criança, e é substituída por um novo interesse, também da escolha da criança, não dos pais.”

Vamos procurar interpretar isto:

A criança aspie,tem, como todas as pessoas, imenso prazer em falar dos assuntos que gosta e domina.É algo natural de todas as pessoas, sejam aspies ou neurotípicas, de ter prazer em discorrer sobre o que gosta.

Devido ‘a sua mente complexa e sofisticada, muitas vezes anos ‘a frente de outras crianças, a criança Asperger tem como diferença em relação ‘as outras o gosto pelo detalhe,a análise minuciosa, algo de que outras crianças não compartilham e nem mesmo muitos adultos neurotípicos, em seu imediatismo egoísta e neurótico advindo do stress do dia a dia, não tem paciência.

Isto, os pesquisadores dizem, dificulta a sociabilidade da criança aspie, mas...é a criança aspie a culpada?

É um defeito ela ser mais inteligente do que as outras ?

Oras, ela não está demonstrando sua inteligência para se mostrar, para se gabar, é algo natural dela,algo diria mesmo inconsciente.Ao expor o assunto, este flui como um rio que deságua numa cachoeira, e é ao irresistível quanto a própria cachoeira,impossível parar as águas que caem!

Ela não faz por que quer, por egoísmo, autocentrismo, por falta de noção das outras, para dominar a conversa ou as outras crianças,faz porque sai naturalmente e ela é assim mesmo.E deve ser assim e não se deve tentar controlar ou conter isto, ou poderá causar angústia, depressão e rejeição,pois ela irá se sentir como se estivesse recebendo uma mordaça na frente de todos,por não poder se expressar livremente.

O que é necessário é sim uma reeducação das crianças que convivem com ela para tolerar esta diferença dela,inclusive porque é bem educado não interromper as outras pessoas enquanto estão falando e isto deve ser respeitado.

As pessoas tem a tendência de achar que aspies não se tocam que outras pessoas querem ou precisam  falar também, que não tem noção do outro, que não conseguem se colocar no lugar do outro.

Isto não ó não é verdade como não tem nada a ver, neste caso, uma coisa com a outra.

O Asperger fala com prazer do que gosta e domina, e se sente seguro falando de conhecimentos que domina bem.Por isto mesmo se cala quando o assunto da conversa é algo que ele não domina,não só por insegurança, mas para não cometer gafes e erros, pois ele sempre acha que precisa passar aos outros uma imagem positiva de si mesmo, e cobra-se a si mesmo não cometer erros, especialmente na frente dos outros.

E como disse antes, isto é algo inconsciente,sua mente está super concentrada organizando metódicamente o assunto, ajustando o raciocínio para a velocidade com que se fala, seguindo uma hierarquia organizacional de pensamento complexa e sofisticada dentro de sua própria burocracia,necessária para um raciocínio tão complexo,para poder dar atenção a como as outras pessoas estão se sentindo no momento,sua mente está ocupada demais com algo que um neurotípico seria claramente incapaz de lidar, tal o volume de informações sendo processado em altíssima velocidade, muito maior do que um neurotípico lida no seu dia a dia , especialmente para falar.

Este processo congnitivo superior não pode ser parado de repente, ou todo o trabalho mental é perdido, necessita ser todo acessado e reorganizado tudo de novo, o que leva tempo.

É como o disco rígido de um computador, que tem que acessar as informações aleatóriamente e colocá-las numa determinada ordem e necessita de alocar não só a memória RAM neurotípica, mas também recorrer ao disco rígido, pois as informações ultrapassam o limite da memória RAM.

Mas o Asperger sabe bem que existem outras pessoas querendo ou precisando falar, mas sabe também que não há como parar enquanto não expor o assunto completo, ou (ele acha e geralmente costuma estar certo) as pessoas não conseguirão e poderão interpretar mal ou errôneamente o que ele quis dizer.

E como está demasiadamente ocupado processando suas informações, ele se vê obrigado a deixar suas impressões dos outros de lado temporáriamente.

Claro que isto causa a ele também mal estar, pois percebe claramente que as pessoas estão aborrecidas, irritadas ou entediadas com  sua explanação,e isto pode inclusive prejudicar seu raciocínio em sua organização e diminuir a  taxa de transferência pensamento/fala, alongando considerávelmente o já prolongado tempo de exposição de suas ideias, pois traz angústias e ansiedades e pressões internas de repentinas necessidades de síntese da exposição, além do sentimento de culpa,o que complica ainda mais a organização já complexa de seu pensamento.

Só que, se as pessoas não sabiam de nada disto, não cabe culpa a nenhum dos lados esta “dificuldade de sociabilização”.Esta característica aspie não é um defeito causador de insocialização,mas é algo que demora a ser superado, pois necessita de um longo auto treinamento consciente para uma adaptação e só vem quando o aspie atinge o terceiro e último estágio do Processo de Maturidade Asperger.

Enquanto isto não acontece, são as outras pessoas que tem de se adaptar a ele, e tolerar e aceitar as diferenças, pois uma característica tão arraigada e inconsciente, por sua natureza é algo demorado e difícil de modificar.

Isto posto, vamos à questão da exclusividade de interesses do Aspie em detrimento do interesse coletivo.

Todos nós, aspies e neurotípicos, temos nossos assuntos favoritos e muitas vezes exclusivos, que não interessam à outras pessoas.Ninguém é obrigado a gostar, ou pior ainda, só gostar, de assuntos que a maioria parece gostar, como, por exemplo ,futebol.

Mesmo assim, a ocorrência de fanatismos, como o futebolístico ou religioso , é comum nos neurotípicos, ultrapassando muitas vezes o limite do razoável e do sadio,tornando-se uma neurose obcessiva -compulsiva grave, o que não costuma acontecer com aspies.

Agora, considerar que uma criança seja aspie porque todas as outras da classe adoram futebol e ela não gosta, e prefere falar de dinossauros, por exemplo,seja insociável e ter dificuldade de sociabilização por isto, considerar ela doente e as outras sadias por causa disto, ou ainda pior, dizer que o gosto dela por dinossauros a faz  ser insociável, dificulta sua sociabilidade, e que ela gostar de um assunto diferente das outras faz com que ela seja classificada como “portadora de distúrbio de desenvolvimento”, aí, convenhamos, não apenas é injusto e preconceituoso para com a criança aspie, como é errôneo, totalmente fora da realidade!

A criança aspies, como todas as outras, não é obrigada a gostar de futebol só porque todas as outras gostam, e exigir e forçar que ela passe a gostar de futebol, ou qualquer outro assunto,por assim dizer, “de interesse público”,só para se sociabilizar não apenas é injusto como errado.Sociabilizar-se não significa uma pessoa se anular a si mesma ou ter de deixar de ser quem é para ser o que as outras pessoas querem que ela seja.E outra, a gente se sociabiliza com quem a gente gosta e com quem se identifica conosco, então, tentar sociabilizar uma criança aspie com outras que não tem nada a ver com ela,que tem interesses diversos,ou pior ainda, com crianças que estão sendo forçadas a aceitá-la à revelia, porque não a querem no grupo, é estupidez e só pode levar ao fracasso, e leva a criança aspie ao trauma,à rejeição e aprofunda seu isolamento.Ela deve ,se ela quiser, se sociabilizar com quem ela escolher, com quem se identificar com ela.

Como aconteceu na minha infância, que encontrei um amigo neurotípico que se identificou comigo, e esta amizade perdura por mais de 37 anos, até hoje !

Então é preferível poucos amigos verdadeiros, com amizades espontâneas, com pessoas que se identificam entre si, do que tentar forçar uma criança a se sociabilizar com outras que não tem nada a ver com ela e onde ela não será bemvinda.Assim como as crianças neurotípicas não devem ser forçadas a aceitar o aspie na marra, o aspie não pode ser obrigado a ser introduzido no grupo.O importante é ele deixar procurar sozinho alguém que vai se identificar com ele e não ter pressa, com o tempo ele acha,ao contrário do que muita gente pensa, isto não é impossível.E não necessáriamente esta outra pessoa vai ser Asperger.

Aliás, como os aspies tem interesses específicos e diferentes, este não são iguais entre si, então não podemos nos iludir e tentar fazer uma roda de aspies achando que só porque são aspies todos vão gostar de dinossauros.Uns vão gostar de dinossauros, outros de astronáutica, outros de anime, outros de comportamento animal, outros de trens, outros de avião e assim por diante.E crianças neurotípicas também, embora tenham interesses comuns, outros interesses vão ser diferentes entre si.

Sem falar que, como os neurotípicos, os Aspergers também não tem um interesse só em cada fase.Sempre tem um dominante, mas tem outros interesses menores.Posso dar a mim mesmo como exemplo.No momento estou na minha fase de gostar de animes japoneses, mas também me interesso pelas coisas do coração, Asperger/Autismo,paleontologia, comportamento animal, lobos e raposas,aviões, carros,Star Trek,Star Wars,ficção científica em geral e por aí vai.

Então vamos tirar da cabeça que a criança aspie tenha de se interessar por assuntos coletivos ou de interesses de seus pais e/ou professores, para ser considerada “normal” ou de que o fato de ela não gostar/se interessar destes /sobre estes assuntos dificulta sua sociabilidade e a torna doente, ou que isto seja um “sintoma” a ser tratado/curado.Nada disto. A criança aspie tem a sua própria individualidade e sua diferença e estas devem ser respeitadas.

Ela não é obrigada a gostar ou se interessar por nenhum assunto para se sociabilizar.Primeiro que é direito dela se sociabilizar ou não, e ela se sociabiliza com quem quer, se quiser e não com qualquer um, nem deve se sacrificar para tentar se colocar ela junto com quem não a quer e ela não quer e que nada tem a ver com ela.

Não existem apenas graus de sociabilidade, mas qualidade de sociabilidade.

Incluir socialmente não é incluir com qualquer um indiscriminadamente. É incluir com qualidade, com quem tem a ver com a gente, com quem a gente quer.Quem sabe quem é melhor para a gente somos nós não os outros, não importa se os os outros são pais, professores ou terapeutas.Quem decide com quem vamos nos relacionar deve ser nós, aspies e mais ninguém, ninguém, absolutamente ninguém, nem mesmo nossos pais, tem o direito de decidir por nós com quem sociabilizar, nem impor sociabilizar com quem sabemos que não nos quer ou que nada tem a ver com a gente.É preciso confiar e respeitar nossa própria autonomia.Não somos idiotas para precisarmos de outras pessoas decidirem nossas vidas e nossos relacionamentos por nós,isto é subestimar nossa inteligência.

Cristiano Camargo

Manifestações não verbais em ambiente não controlado

Manifestações não verbais em ambiente não controlado espontâneas e seu papel no acompanhamento de regressões e progressões de comportamento de Aspergers imaturos e Autistas:

Cada caso é um caso, mas algumas coisas, como "choques de realidade" são realmente perigosos para qualquer Autista ou Asperger Imaturo. Grandes traumas psicológicos como agressividade paterna/materna também costumam afetar muito. Mas alguns são mais resistentes a regressões que outros, e uns superam com mais facilidade que outros. Mas em geral, as regressões não são definitivas, mas as recuperações variam de caso para caso.Por estas coisas o acompanhamento do Processo de Amadurecimento e a análise constante do interior do Mundo Interno de Fantasia são tão importantes:podem indicar a iminência de um retrocesso antes de ele acontecer de fato, pois,muitas vezes, quando o retrocesso se manifesta físicamente pela fala, gestos ou comportamento, o retrocesso já ocorreu na mente há algum tempo, então sempre há um delay, um atraso entre o retrocesso no Mundo Interno de Fantasia e sua manifestação exterior.

Como eles retém suas emoções e suas manifestações dentro de si, em seu Mundo Interno de Fantasia durante um certo tempo, variável de caso a caso,esta manifestação pode demorar e ás vezes ser detectada já tarde, quando muito avançada. E outro detalhe, no Mundo Interno de Fantasia, o dano é sempre mais grave do que o manifestado, e só será manifestado posteriormente,e quanto mais o Autista/Asperger Imaturo detém o dano dentro de si e não o manifesta, mais grave fica o retrocesso e mais difícil de reverter, pois os dano vão se acumulando internamente, e tem casos em que este delay, este atraso,pode ser bastante prolongado, mas aparece no mundo interno de fantasia atráves de desenhos e escritos, e das brincadeiras. Por isto, a atenção deve ser constante, especialmente em analisar o simbolismo por detrás das brincadeiras, desenhos, etc.

São as manifestações espontãneas as que mais nos revelam o que acontecem com eles, não as estimuladas.

Também as progressões podem ser notadas com antecedência na observação do comportamento espontâneo em ambiente de campo não estimulado e nas manifestações não verbais.

O Asperger Imaturo, e acredito, o Autista clássico também, “funciona”, em muitos casos, como um acumulador de emoções.É possível que o comportamento esterotipado de muitos casos mais severos se deva a indecisões internas e desorganização do Mundo Interno de Fantasia, que ora se manifesta, mas o medo do desconhecido e das reações exteriores corte.Muitos Autistas e Aspergers Imaturos tem forte tendência a se auto restringir, se auto conter, e se  auto reprimir, além de forte auto culpar-se com freqüência.Isto pode se dever ‘a uma baixa auto estima, seja devida a preconceito, bullying, traumas fortes e manifestações de outras pessoas que sejam interpretadas pelo Asperger/Autista como sendo de alta agressividade/hostilidade.

A auto repressão deve ser combatida, pois faz adoecer o Mundo Interno de Fantasia, o desorganiza e desestrutura, e com ele, se vai a autoo estima e a auto confiança.

A palavra de ordem, tanto para Autistas como Aspergers Imaturos é Auto.

É o que fazem internamente consigo mesmos por conta de seu complexo de inferioridade, sempre causado por fatores externos, já que este complexo em si não é característica típica, mas sim,adquirida artificialmente e reversível.

O grande problema para se avaliar e acompanhar uma criança Asperger Imatura ou Autista é que não são no ambiente controlado, ou estimulado de um consultório que as verdadeiras manifestações e exteriorizações do Mundo Interno de Fantasia ocorrem.

É em casa, no dia a dia, nas brincadeiras, nos desenhos, escritos e outras manifestações não verbais.

Acho importante então as mãe e pais procurarem anotar tudo o que sua criança faz durante as brincadeiras e no dia a dia, e levar ao terapeuta e ao Asperger Maduro para análise e interpretação.Se a criança desenha ou escreve, levar sempre os desenhos e escritos aos profissionais.

Estas manifestações espontâneas, não controladas e não verbais é que vão revelar muito mais o que ocorre no Mundo Interno de Fantasia delas, e é por este que as análises devem começar.

Como administrar bem nosso Mundo Interno de Fantasia (M.I.F.):

Sabemos que todos nós Aspergers temos em nossas mentes  o Mundo Interno de Fantasia (M.I.F.),e que ele é uma importante, diria mesmo vital ferramenta para nosso amadurecimento e para realizarmos nossos sonhos.

Porém,ele precisa ser bem administrado e mantido sob controle, e é necessária uma certa disciplina mental para isto, para a qual devemos nos auto-treinar.

Infelizmente, embora Asperger em si não seja uma doença,nem todo MIF é saudável como gostaríamos.O MIF pode ser “contaminado”, por “doenças” advindas seja por comorbidades, seja por traumas (de infância ou não) de alta gravidade, assim como por situações angustiantes e agressivas do meio em qu vivemos, relacionados seja aos pais, colegas ,escola ou mesmo a Sociedade.

Quem vive num ambiente violento,em meio à criminalidade,num ambiente miserável, com pais alcoólatras e/ou drogados, etc, dada sua sensibilidade, pode adquirir “doenças” do MIF difíceis de serem curadas se a pessoa não for transferida para um ambiente saudável onde seja querida e amada.Mas este é apenas um exemplo.

Ainda não se sabe ao certo, que “doenças” podem ser estas, mas é fato, ao meu ver, que muitas crianças Asperger  agressivas e hostis,exageradamente ansiosas,e que não tem comorbidades, não tem um MIF saudável.

Todo MIF saudável é feliz e agradável, sobretudo quando a pessoa chega à terceira fase do Processo de Amadurecimento Asperger.

Identificar e descobrir as “doenças” do MIF e curá-las é o grande desafio dos pesquisadores profissionais e amadores(Aspergers maduros que completaram o Processo de Amadurecimento Asperger com sucesso) é o grande desafio da Ciência psiquiátrica nas próximas décadas.

Mas, voltando então o assunto, e retornando a MIF’s saudáveis, como administrá-los bem?

Em primeiro lugar, distinguir bem entre Fantasia e Realidade.

Ao construirmos nossos mundos, ao vivermos eles, sonhando acordados,é preciso a consciência de que são fantasias e não são reais, e que devemos viver estas fantasias somente nestas horas e dentro destes mundos e não tentar aplicar ao mundo exterior, à realidade.Vejam bem, não estou falando em sonhos no sentido de aspirações de vidas, apenas de fantasiar mundos e aventuras para vivenciarmos,criarmos personagens.

Aspirar é outra coisa e pode e deve ser aplicado na Realidade.

Tendo a consciência plena de que estamos vivendo fantasias num ambiente artificial criado por nós, uma “realidade virtual” que só existe em nossas mentes, podemos, nos valendo de bom senso, criarmos nossas regras e estabelescermos as características e estruturas destes mundos de forma(de preferência) organizada e coerente.Claro que existe a tentação da Onipotência, mas , ao amadurecermos ,normalmente passamos a ser mais democráticos e menos absolutistas no trato com nossos personagens.

A construção de nossos personagens, inclusive é muito importante.Por mais que eles sejam, seja em termos de personalidade, idade, sexo, estrutura física, etc, diferentes de nós, todos eles tem um lado de nós, uma faceta e cada um normalmente representa uma emoção nossa.

Muito são como gostaríamos de ser, outros como não gostaríamos e outros são simplesmente alternativos.Na dicotomia que geralmente fazemos entre o Bem e o Mal, é importante que o Bem prevaleça, mas não sempre.O Mal triunfar de vez em quando é bom para a saúde do nosso MIF porque nos permite nos identificarmos mais com  a Realidade, onde nem tudo tem finais felizes.Bolar guerras em nossos mundos, ou corridas, competições internas também é saudável, mas é bom administrarmos bem os resultados e não sermos nem previsíveis nem parciais demais.

É sempre recomendável dedicarmos ao menos uma ou duas horas ao dia, diáriamente , ao nosso MIF e lá ficarmos.Não apenas faz bem como exercita.Fazermos listagens, seja no papel ou no computador, de dados estatísticos de nossos MIF’s também são excelentes exercícios de imaginação que mantém nossos MIF’s saudáveis.Por exemplo, muitas vezes, pego um caderno e escrevo, em forma de lista, a evolução de automóveis fictícios do meu MIF, com dados de comprimento, peso,cilindrada, potência, velocidade, e estabelescendo mdelos por ano de fabricação , por exemplo:

Ano Marca Modelo Comprimento,Peso, Nº de cilindros,Cilindrada, Potência

1987 Ufox 1707, 4,17m, 1024 kg,4 cil, 1704 cc,181 Hps

1988 Ufox 1707, 4,17m, 1019 kg, 4 cil, 1724 cc, 185 Hps

1089 Ufox 1707, 4,17m, 1014 kg, 4cil, 1744 cc, 189 Hps

Vejam que tudo segue um padrão, a cada ano são retirados 5 kg de peso e acrescentados mais 4 Hps.

Ou ainda , ‘as vezes faço tabelas comparativas de pesos e medidas de minhas personagens femininas:

Nome, Altura, peso, Busto/Cintura/Quadris

Lune, 1,60m,50 kg, 82/67/84

Maki,1,62m, 53 kg, 88/65/94

Sezumi, 1,74m,64 kg,110/70/120

Megumi, 1,50m, 43 kg,76/62/78

Ruri,1,58m,55 kg, 106/69/98

Para quê estas listagens e tabelas?Apenas para exercitar a imaginação, é outra maneira de  viver o MIF e se distrair, é uma ótima maneira de se acalmar, combater o tédio, relaxar e poder pensar com mais calma e lucidez nos problemas do dia a dia depois.Muitas vezes as pessoas me vêem fazendo estas coisas, não entendem nada e ficam perguntando o que é isto...

Enfim, existem muitos meios, práticos ou mentais de se exercitar o MIF e este foi apenas um breve exemplo do que pode ser feito,a criatividade é a tõnica-o importante mesmo é fazer esta “ginástica” mental sempre que puder e tiver tempo livre, de preferência longe do olhar intrigado das outras pessoas, afinal, é chato mesmo ter de ficar explicando e interromper nosso raciocínio durante o exercício.

Mantenham sempre em ordem e procurem reorganizar seus mundos, criar e apagar personagens conforme as necessidades de vez em quando, fazendo uma “faxina” em seus MIF’s, também faz muito bem, a gente se recria, se renova.Então é isto e aproveitem bem !

Meu novo livro já a venda em dois sites:

Meu novo livro “Autista com muito orgulho-A Síndrome vista pelo lado de dentro” já   'a venda, no formato ebook, pela FDIGITAL nos sites da Amazon e Kobo:

http://www.amazon.com/dp/B0088CP1S8/ref=tsm_1_fb_lk

http://www.kobobooks.com/ebook/Autista-com-muito-orgulho-s%C3%ADndrome/book-5ubA1VBp_kuIwhsEHyelLQ/page1.html?s=eJloVFao70aS2ZezrcCM6w&r=1

Book trailer de Autista com muito orgulho-a Síndrome vista pelo lado de dentro

Mais um contrato assinado !

Caros amigos e caras amigas:

É com muita alegria  e muito orgulho que venho aqui anunciar que acabei de assinar o contrato de edição do meu novo livro "Autista com muito orgulho-A Síndrome vista pelo lado de dentro" com a Editora Flaneur, do Rio de Janeiro!
Ele será lançado em livro impresso através do selo Torre,para ser vendido em todo o Brasil !
Estou muito feliz hoje com mais esta conquista, pois agora é oficial !

Cristiano Camargo

Aspergers e seu difícil relacionamento com a rejeição

Rejeição é um sentimento entre os mais profundos e traumatizantes que uma pessoa pode ter.

Por mais mentalmente saudável que seja,uma rejeição forte é sempre traumática e não raro, marca a vida e a psiquê da pessoa e também não raro, para sempre.

Ninguém, nem mesmo terapeutas da área psicológica/psiquiátrica, consegue lidar bem com as rejeições por que passa em sua vida.

A rejeição cria complexo de inferioridade,acaba com a auto estima, traz forte insegurança e muito comumente traz consigo a angústia e a depressão.

Superar a rejeição é de certa forma,procurar “esquecê-la” e se concentrar em outras coisas,para depois conseguir uma aprovação.

Sim, é  de aprovação ou reprovação, seja pública ou privada, seja da pessoa que nos é importante, que se trata a rejeição.

Isto porque todos nós, sejamos aspies, autistas, neurotípicos, todos nós inconscientemente(ou mesmo conscientemente em alguns casos) buscamos sempre a aprovação de alguém,uma permissão,um elogio.Quando vem a recusa, a rejeição, vem à mente o quê?O sentimento de fracasso, de impotência, de inutilidade, de nulidade,de esforço em vão,de falta de valor de si mesmo(a),enfim, de uma profunda decepção.Uma expectativa que não se cumpriu, e expectativas que não se cumprem, desilusões,sempre doem.Muito!

Então mesmo que inconscientemente,procuramos uma aprovação, um elogio,um reconhecimento, não basta reconhecermos os nossos valores, nossa qualidade, nossa qualidade como seres humanos,nosso esforço:outra pessoa tem de reconhecer tudo isto em nós, então, a rejeição é em essência algo muito humano:um reflexo direto, a consequência de um não reconhecimento externo, ou seja, de outras pessoas.

Muito bem, uma vez conceituada a Rejeição, agora é hora de discorrer sobre os efeitos dela na Asperger e como estes lidam com ela.

Ela é extremamente importante para os aspies, por que é muito comum que ela seja um fator disparador de fases importantes e de estados emocionais,em especial de estados emocionais altamente nocivos, como a baixa auto estima, a depressão e a angústia.

Quando se é um aspie incipiente ou mesmo imaturo, uma rejeição importante, especialmente se ocorrida de modo traumático, tem efeitos devastadores na Mente Asperger.

Talvez até maiores, em alguns casos, que em pessoas neurotípicas, e mais especialmente ainda,na infância.

É muito comum a rejeição ser a disparadora da Asperger ainda adormecida na  criança que ainda não a manifestou.

E quando desperta, a construção do Mundo Interior de Fantasia do Aspie começa a ser construído.De certa forma, a construção de mundos inteiros, complexos(e não raro, lindos!) é uma reação do aspie à rejeição, o que pode  fazer expandir estes mundo e se mergulhar mais fundo neles.

Aspies incipientes/imaturos geralmente odeiam a realidade, porque a veêm como algo agressivo, hostil,feroz,perigoso para elas, um lugar onde se sentem altamente ameaçados e inseguros.E se sentem assim não é à toa, do nada, existe sempre uma razão concreta para isto a ser investigada.

E é muito comum que esta razão seja um evento traumático,uma rejeição traumática,ou um gesto violento,agressivo, hostil que a criança tenha sido vítima.Algo que muitas vezes, no ver de outras pessoas, nem foi tão agressivo assim, mas que o aspie sentiu como agressivo!

Sim, esta é a palavra chave de tudo;sentiu!

A pessoa Asperger, especialmente a criança, sente mais, com mais intensidade, embora não expresse, e uma hipótese bem provável para isto seja a de que na verdade sua sensibilidade é tão aguçada, que ela sente com uma profundidade, com uma intensidade tão grande, tão forte, que supera a capacidade comum humana de expressar e colocar os sentimentos para fora!

O caso em questão é que quando se vê a realidade com uma lente de aumento poderosa na frente dos olhos da mente,como é o caso da criança asperger, ainda incipiente/imatura,a realidade é algo gigantesco, tão maior que ela, que se sente minúscula e impotente diante da realidade, e por consequência,ocorre o complexo de inferioridade, acaba a auto estima, aparecem a angústia e a depressão e tudo isto porquê?Porque esta dimensão exagerada, monstruosa que a realidade toma na mente Asperger incipiente/imatura,a leva a sentir a realidade como algo hostil e agressiva, consequentemente, tudo que nos é agressivo nos rejeita, nos recusa,pois está contra nós, e tudo isto gera, por consequência, mais complexo de inferioridade, mais angústia, mais depressão, etc,etc, numa roda vida, que, sem orientação(ou fatores disparadores de fases posteriores do Processo de Amadurecimento Asperger) pode não acabar nunca,aprofundando a criança cada vez mais em seu Mundo Interno de Fantasia, que pode crescer a ponto de tentar(e em alguns casos conseguir) dominar sua mente.

Então, quando se vai começar a orientar uma criança pelo Processo de Amadurecimento Asperger, a primeira coisa a fazer é investigar:qual o fator psicológico que levou a despertar a Asperger na criança?Qual o fator na história de vida desta criança a levou a odiar a Realidade?

Pois vejam, é comum as pessoas reagirem à rejeição rejeitando o que, ou quem , as rejeitou.E isto vale tanto para aspies como neurotípicos.Se odiar é rejeitar, e o aspie se sente rejeitado pela Realidade, sente ela como estando e trabalhando contra ele, ele irá lógicamente rejeitá-la , estar e trabalhar contra a Realidade.O que também significa a pessoa estar  se auto-rejeitando e trabalhando na verdade contra si mesma.

Esta rejeição de si mesma a leva a fazer uma imagem negativa, feia, pequena e dolorosa de encarar a si mesma, ou em alguns casos,esta feiura com se se vê pode beirar ao grotesco, à monstruosidade, a ponto de criar um trauma ea pessoa ter pavor de encarar a si mesma e ficar fugindo de si mesma, sem notar que isto é inútil,pois como um cão que persegue a própria cauda, sua imagem faz parte de si, e para onde tentar fugir, sua imagem irá junto.

Isto está bem expresso no meu romance “Consciência de Viver”, onde um rapaz aspie, que na estória tem o nome de “Ele”,é abandonado pela família e trancado num casarão trancado e isolado do mundo por décadas, e este rapaz é obrigado a conviver apenas consigo mesmo por todo este tempo.Ele é perseguido pelo Espectro, um esqueleto de cavalo que caminha nas patas traseiras.O Espectro pode ser considerado a encarnação da Consciência do Ele, mas na verdade  é a imagem que o Ele faz de si mesmo.No dia em que ele resolve parar de fugir e enfrentar seu Espectro, ele consegue sair da casa para ganhar o mundo e só então se dá conta da existência de todo um mundo exterior maravilhoso.E o esqueleto de cavalo se transforma num cavalo vivo, de verdade, um belíssimo e elegante puro sangue, que era na realidade a verdadeira imagem do Ele,ou seja, ele era , e é, muito mais do que ele mesmo pensava, e não estava se valorizando,iludindo-se em ser um mostro, quando na verdade ele é um ser humano belíssimo e cheio de qualidades.Todos viam, menos ele, e o dia em que despertou para esta nova realidade, trouxe consigo uma nova e bela imagem de si mesmo.E o quanto é importante termos uma bela imagem de nós mesmos!

A mesma coisa acontece com os Aspies.Ele precisa primeiro aprender a se aceitar, aceitar sua beleza de ser ; entender que ele é muito  mais do que pensa que é, ter orgulho de si e aceitar e reconhecer suas próprias qualidade, para então amadurecer e prosperar para o sucesso!

Só então ele terá vencido a rejeição !

Cristiano Camargo