Muito se fala de Aspergers conviverem com sua Síndrome ou de Guias de Sobrevivência neste mesmo sentido,ou de se entender a mente Asperger ,mas sempre no sentido negativista e conservador de administrar limites conformando-se com eles e aceitando-os com resignação,ou ainda tolerar as diferenças, como se estas fossem a prova de uma certeza científica de que neurotípicos sejam psicológicamente sadios, ou superiores e os Aspergers fossem doentes ,a ponto de estes mesmos neurotípicos quererem ensinar a outros neurotípicos como tolerar e administrar sua paciência para com as inferioridades dos aspies, e procurar tolerar e entender os neurodiferentes, como se fossem coitadinhos dignos de piedade.
É preciso parar, acabar com esta falsa dicotomia!
O conhecimento que a Ciência tem sobre a SA é como um Iceberg: ela só conseguiu estudar até hoje aquela pontinha que está acima da linha d’ água,mas desconhece ainda, claro que não por culpa dela,mas pelas próprias limitações dos neurotípicos,o imenso continente de conhecimento que está escondido ali abaixo, ou seja, a visão interna, dos meandros e mecanismos da Mente Asperger, todo um Novo Mundo ainda por explorar e conhecer, e que só agora os próprios Aspies estão começando a mostrar-É um admirável Mundo Novo,que, aos pouquinhos está sendo revelado aos poucos neurotípicos que se dispõe a aceitar novas idéias e novos conhecimentos radicalmente diferentes de tudo o que se viu até agora, haja visto que muitos pesquisadores ainda se agarram às velhas idéias como suas tábuas de salvação, teimosamente recusando as novas ,exercendo um cepticismo exagerado e cego,considerando apenas o parco conhecimento clínico como único correto.
Felizmente isto está começando a mudar,e para a tristeza dos tradicionalistas, uma revolução aos poucos vem chegando na Ciência Psiquiátrica no campo de SA, e depois de consolidada, a Psiquiatria nunca mais será a mesma!
O que é importante frisar, entretanto, é que não é correto querer ensinar a aspies como se conformar com sua Síndrome e suas “limitações” e aceitá-las de cabeça baixa e os mandar serem felizes assim;digo, no sentido mais pejorativo do termo, é algo como o psicólogo aconselhar ao paciente a saber lidar com suas frustrações(traduzindo:se conformar com elas e aceitá-las resignadamente, ao invés de procurar vencê-las e reagir para que não ocorram mais)quando ele mesmo não consegue, neste mesmo sentido que coloquei entre parênteses,lidar com elas e em seu íntimo permanece tão frustrado quanto o próprio paciente.
Nem é , tampouco,caso de se ensinar neurotípicos a entender os aspies como doentes e “limitados”-está se ensinando uma odiosa condescendência para com os aspies.
É preciso, isto sim, que se mostre aos aspies, especialmente os imaturos, o quão é privilegiada e positiva é a sua condição,exaltar suas qualidades e guiá-los pelo caminho do sucesso do Processo de Amadurecimento Asperger,e que os neurotípicos ensinem a outros neurotípicos que qualidades e defeitos todos temos, e que Aspies não são diferentes neste sentido, mas isto não os fazem inferiores, e que nem é questão de inferioridade ou superioridade, mas apenas simplesmente diferente, afinal, assim como neurotípicos diferem uns dos outros, aspies também tem a mesma diversidade.
Não se deve tentar ensinar o aspie a baixar a cabeça e se conformar para conviver no meio dos neurotípicos como se fossem desajustados sociais,nem ficar apontando o que se considera “defeitos” e ficar tentando mostrar que ele possa ser um “defeituoso”feliz, “apesar da Síndrome”.
Não.Os aspies tem sua dignidade, e é um determinado por natureza, um superador sem igual,então não é por aí o caminho a seguir.
Se queremos ensinar ao Asperger como “sobreviver” em meio à selva neurotípica,o caminho é ensiná-lo a tirar vantagens de suas qualidades e as usar como armas para o sucesso, e antes disto, claro, guiá-los, como disse antes, pelos caminhos do Processo de Amadurecimento Asperger,(P.A.A.).No tocante às regras sociais, basta a convivência e deixar o P.A.A. correr e ele “pegará no ar” rápidamente o que deve falar ou não e como se comportar em público,quanto muito, um ou outro toque, mas é preciso deixar errar, para aprender,afinal, é só errando que se aprende a acertar.
Conformar?Nunca !Enfrentar?Sempre!
Se queremos fazer um bem a um aspie imaturo, já que quem é maduro já não precisa mais disto,devemos mostrar a ele que barreiras e obstáculos existem para serem vencidos e que ele não é inferior a ninguém por estes obstáculos aparecerem na vida dele, e mostrar a ele o imenso potencial, não apenas de superação, mas também como pessoa humana sociável e produtiva,sensível, bela de coração e alma, e que a Realidade não é fixa nem predestinada,que ela tem não apenas um lado ruim, como um lado bom e belo, que pode ser mudada e que ele mesmo é o agente da mudança para a Realidade que ele tanto sonha e quer.É preciso ensinar que angústias e depressão, todos os seres humanos tem,problemas psicológicos idem, mas que defeitos (mesmo que sejam considerados defeitos só por alguns)só são eternos se quisermos, mas podemos superá-los com uma luta árdua e vencê-los, e que para isto temos ferramentas maravilhosas que os neurotípicos não tem, a mais eficiente delas, se bem usada, chamada Mundo Interno de Fantasia, a transformadora de Realidades na prática, o grande motor do sucesso do aspie para seu sucesso.Conviver não é um adequamento de um lado só da questão, mas dos dois.Assim como aspies podem, neste sentido que disse agora,aprender a conviver consigo mesmos e com a Sociedade, os neurotípicos devem aprender a conviver com os aspies através da aquisição dos novos conhecimentos da Visão Interna da SA.
Aprender a se auto analisar e conhecer-se a si próprio é algo fundamental para se entender as outras pessoas, sejamos neurotípicos ou neurodiferentes.Obter uma visão real e positiva de si mesmo, idem.
Todos nós temos este explêndido novo mundo a explorar, e, o dos aspies, ainda que diferente, não é menos belo,apenas ainda mais complexo,e se o aceitamos e o procuramos o fazer melhorar e evoluir,para superar limites, obstáculos e barreiras que todos nós temos em nossas vidas, não apenas seremos mais felizes, mas poderemos ter em tudo isto a preciosa chave para uma convivência melhor entre nós e a partir daí, construirmos juntos, aspies e neurotípicos, uma sociedade melhor no futuro.
Cristiano Camargo
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