Proposta do Blog


"Tudo é impossível até que seja tentado!"
Esta frase é a que tem orientado a minha vida há
muitos anos e que acredito resumir muito
bem o espírito Asperger. A partir de agora, o (a) leitor(a) vai fazer comigo
uma intensa viagem ao mundo da Mente Asperger e seu funcionamento interno e
visão de mundo, minha vida ,minhas teorias sobre esta Síndrome(que em muita
coisa acredito aplicar-se também ao Autismo Clássico) e meu convívio com outros
Aspies.Como se sabe nos meios
científicos, a Síndrome de Asperger faz parte do Autismo, mas é considerada por
eles uma variação mais leve,parecida com o que chamam de Autismo de Alto
Desempenho.O porquê do título deste blog o (a) leitor(a) saberá ao longo dos tópicos e postagens que aqui serão inseridos com o tempo.
Desde já aviso, no entanto, que , embora não se
possa afirmar com exatidão e responsabilidade de que estas minhas idéias e teorias se apliquem a todos os Aspergers e
demais autistas,são aplicáveis sim a um grande número de casos.
Explico: A Síndrome de Asperger tem características
e manifestações com grande variedade de graus e diferenças muito pessoais entre
si, cada caso é um caso específico, e poucas são realmente universais.Uma
expressão que usarei muito aqui e que pode gerar dúvidas é “Neurotípico”,o
significado dela é o de pessoas que não são portadoras de Síndrome de Asperger,
nem são Autistas.Aqui também irei postar , além
de textos com minhas teorias e idéias sobre a Síndrome, também
apresentarei e comentarei notícias , vídeos e reportagens de televisão
sobre Asperger que coletarei da net,com críticas quando
necessárias.Igualmente o projeto abrange orientações a mães de Asperger
e sugestões a Terapeutas.Penso também na possibilidade de, de vez em
quando entrevistar um(a) terapeuta e/ou profissional de inclusão e
também outros aspies.
Isto dito, desejo aos leitores e às leitoras uma boa
leitura!

Cristiano Camargo
48 anos
Divorciado
Portador de Síndrome de Asperger, que superou as "limitações" de sua síndrome, tanto sociais como neurológicas, sozinho, sem remédios nem tratamentos,por opção consciente.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Meu primeiro contato ao vivo com outro Aspie

Durante a época de Natal, minha irmã me apresentou a uma colega dela que tem um filho Asperger.
Nos encontramos numa lanchonete localizada numa galeria da Avenida Paulista, em São Paulo,eu, minha irmã, a colega dela e o filho dela.
Tanto mãe como filho não quiseram ter os nomes revelados públicamente, então respeitarei a vontade deles.Vou me referir 'a mãe como "M." e ao aspie em questão como "R."

As impressões de R. me pareceram bastante positivas, e pela primeira vez pude observar um indivíduo imaturo, cuja idade é de 15 anos.
Notei o estágio primário dentro do Processo de Maturidade Asperger nele, pela descrição da mãe, da descrição do próprio R. de si mesmo,e também por seu olhar fugidio, levando a cabeça para um lado e outro, e os olhos idem.
No entanto o que me surpreendeu muito positivamente nele foi seu esfôrço em focar a atenção dele em mim quando eu estava falando, e percebendo que ele anotava mentalmente, com muita diligência tudo o que eu falava.
Ele falou muito pouco e não parecia 'a vontade, mas é preciso considerar que, fora a mãe dele, todos os restantes eram desconhecidos para ele, o que é um fator intimidador por sua própria natureza.
Mas respondeu 'as minhas perguntas, e encontramos várias convergências no nosso passado, como episódios de bullying e a dificuldade de aceitar perdas em jogos e na vida , durante a infância.
Ele parecia muito interessado, apesar de não demonstrar muito claramente, porém um exame minucioso no olhar dele revelou que o interesse era real e intenso, apesar de não se manifestar verbalmente com frequencia.
Claro, a mãe dele estava interessadíssima e fazia muitas perguntas, frequentemente interrompendo minhas respostas, interessada principalmente em como eu era quando eu tinha a idade do filho dela e o que fiz para superar.No entanto, ela me pareceu algo alienada, não muito propensa a aceitar os meus conselhos, pareceu a mim qie ela estava realmente interessada em ouvir e entender apenas o que interessasse a ela,não nas soluções que eu propunha,ou seja, ela só queria, no fundo, no fundo, ouvir elogios ao filho dela.
R. , apesar de muito tímido durante a conversa, mostrou-se, no lidar com questões cotidianas de ordem prática, bastante focado e preciso, e parece já estar sabendo lidar com vários aspectos da realidade.
Ele me revelou algumas informações importantes sobre a pessoa dele, como, por exemplo, serem elementos do Mundo Interno de Fantasia dele os interesses por petróleo e automóveis.
Seu gênio me pareceu calmo e tranquilo.
Segundo a mãe, ele é muito estudioso nas matérias pelas quais se interessa, e desinteressado nas que não gosta.
Uma questão a ser trabalhada nele é a questão de ele detestar escrever ou desenhar, o que me fez ficar pensando em como ele consegue externar suas necessidades de comunicação não verbal.
Enfim, o tempo foi curto e não pude fazer todas as perguntas, sobretudo ao próprio R., que gostaria, mas foi uma observação útil e interessante do comportamento aspie imaturo na adolescência.
Numa análise inicial e ainda muito superficial, eu diria que ele está iniciando agora a Segunda Fase do Processo de Amadurecimento Asperger, mas isto de fato requer bem mais observação e questionamento.
Foi acertado que terei esta chance na próxima vez que eu for a São Paulo-terei entãoa oportunidade de sair sozinho com ele e fazer uma entrevista mais detalhada e uma observação de comportamento idem, além de analisar material espontãneo de comportamento, o que será muito interessante, creio que ele terá muito a me dizer e ensinar.

Cristiano Camargo

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